A vida como Ela é

16/07/2018

Eu acreditava que iria parir no carro, acabei em uma cesárea intraparto. Jurei q meu filho jamais usaria chupeta, ele usou até os 3 anos. Criticava todas as mães que deixavam seus filhos comerem na frente da TV, que dormiam tarde, que brincavam no celular, que faziam birra e por aí temos uma lista gigantesca.
E essa foi a primeira lição que a maternidade me obrigou a aprender: o real nem sempre é o ideal.
Quantas mulheres sonham com um parto lindo? Daqueles de vídeo no insta com infinitas curtidas?
Quantas se frustam por não verem a beleza real de seus partos?
Quantas tem problemas com a amamentação e sofrem caladas por medo de serem julgadas?
Quantas se sentem pressionadas a terem corpos esculpidos 15 dias depois do nascimento de seus filhos?
Quantas choram escondidas no banheiro quando precisam voltar a trabalhar?
Quantos casamentos terminam depois da tão sonhada gestação?
Quantas mulheres reais nos leêm?
Deixa eu te contar? Eu sou real. Amamentei por 3 anos, e enquanto meu filho mamava eu me curava da dor de uma cesárea intraparto.
Sim, eu fiz BLW e fui julgada por muitas pessoas que achavam que meu filho iria engascar e parar no hospital na primeira bocada.
Sim, eu saía de casa com um RN pq se eu ficasse em casa eu iria enlouquecer no puerpério.
Sim, meu filho era lindo e saudável, eu tinha estabilidade do trabalho, uma família que me apoiava e mesmo assim eu tive depressão pós parto.
Sim, eu engordei quase 30kg na gestação e até hj luto para perder os últimos 5 que sobraram.
Sim, eu amo meu filho, mas as vezes me sinto sozinha, cansada, sobrecarregada.
Sim, eu sou como a grande maioria das mulheres... sou REAL.
Não tive parto de princesa, não ando de unhas feitas toda semana, a maquiagem aparece vez ou outra, de vez em quando eu me escondo no banheiro para respirar, minha mãe deu chupeta para o meu filho quando eu fui tomar o meu primeiro banho ainda no hospital (e eu aceitei), eu sou a MINHA REALIDADE.
Informação existe para que possamos beber dela, entretando é preciso saber digeri- la. "Dentro deste ideal, o que é possível para mim?"
Escuto algumas doulas afirmarem que não acompanham mulheres em plantões de hospitais porque se sentem coniventes com o sistema.
Eu ... quero ajudar o sistema a se tornar mais compatível com a realidade da mulher que me procurou. Vai ser ideal? Não... mas vai ser a realidade dela!
Sofro ao ver uma mãe se julgando porque o bebê desmamou qdo ela voltou a trabalhar... eu quero ajudá la a achar um equílibrio, um caminho no qual ela não precise ser nem vilã, nem mocinha. Um caminho no qual ela possa ser ela mesma!
A grama do vizinho não é mais verde... vc é que se deixou ser daltônico ao olhar sua própria grama.
Então não se engane. Sua grama vai ser menos "exuberante" se você tiver muitos picniques no seu jardim, mas você será mais sorridente também.
A maternidade, assim como a vida, é assim... te ensina que o copo pode estar sempre meio cheio ou meio vazio, a escolha é sua.
Têm dias que eu escolho o copo meio cheio, têm dias que ele está meio vazio... quase nada é como sonhamos.
O ideal é para laboratórios.
Os príncipes são para os contos de fadas.
O perfeito é para a bailarina do Chico que nunca se deliciou em brincar na chuva.
E para vc que, como eu, ficou acordada velando o sono do filho por N motivos... bom dia!
Se o espelho te criticar, sorria para ele ou aplique uma camada de maquiagem...
O melhor da vida é quando encontramos o NOSSO IDEAL.
Eu encontrei o meu hj... amanhã... ah... amanhã há de ser outro dia, ideal na sua realidade.
Boa Segunda!
Texto por Carol Beckman
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