Desde que o mundo é mundo os bebês nascem, isso é natural, fisiológico, mas infelizmente nos últimos 30 anos se criou a idéia de que a mulher "desaprendeu" a parir, o natural passou a ser feio, errado, sujo, doloroso e deu lugar ao parto medicalizado, tecnocrata,  com intervenções médicas desnecessárias e as cesáreas previamente agendadas.

A maioria dos partos não é, ou não precisariam ser sofridos como nas novelas. Dificilmente bebês nascem assim que a bolsa se rompe, a dor pode ser encarada e vivida de outra maneira e a cesárea... ahhh a cesárea...

O Brasil é hoje um dos paises com uma das maiores taxas de cesarianas no mundo. Na rede privada os números são aterrorizantes, chegando a 84,6%. A OMS vem precionando o governo brasileiro para que essas taxas sejam menores e por isso o sistema público, que tem certa de 40% de taxas de cesarianas. Porque?

Como antropóloga me atrevo a dizer que esta cirurgia eletiva ( que na maioria das vezes não se mostra necessária ) foi culturalmente imposta por um sistema médico extremamente intervencionista. Com o passar dos anos ela se transformou em uma forma de demonstrar poder socio- econômico, afinal, você já deve ter ouvido " Ah... eu marco a cesárea, tenho plano de saúde, não preciso ficar sofrendo, faço a unha, o cabelo e vou para a maternidade"...

Mas quando os obstetras e as gestantes marcam o dia do nascimento, eles comunicam isso ao bebê? ele já mostrou que está pronto? Mandou avisar que já quer nascer?

Na maioria das vezes não, e aí vemos uma conduta intervencionista puxando a outra. Os bebês "são nascidos" sem estarem prontos e por isso precisam de muitas outras intervenções médicas.

Parto Normal

O conceito de "normal" é tão contraditório... Poderíamos escrever uma tese sobre ele, afinal o que é normal para você pode não ser normal para mim.

O que chamamos de parto normal é um parto hospitalar vaginal. O bebê vai nascer pela vagina, mas muitas intervenções médicas serão feitas, entre elas:

• Aplicação de ocitocina sintética (soro);

• Restrição de movimentos durante o trabalho de parto;

• Posição de litotomia (gestante deitada de costas, com as pernas para cima e muitas vezes presas);

• Suspensão de ingestão de líquidos e comida;

• Episiotomia;

• Uso de analgesia ou anestesia;

• Retirada mecânica e precoce da Placenta.

Parto Natural

Você já experimentou alguém te dizendo como você deve respirar?  Se já, sabe como é "estranho"... respirar é natural. Parir também é!

O Parto Natural  pode ser hospitalar ou domiciliar, e é um parto no qual não existem intervenções médicas. A parturiente está ativa, no comando e o tempo... ah, o tempo é respeitado como um deus... ele sabe de si... só ele (o tempo) e o bebê sabem quando será a hora de chegar.

Mas Carol, eu não preciso de nenhuma,   intervenção médica?

Se você for uma gestante de baixo risco você precisa do que você acredita que precisa e do que realmente precisar se algo sair da "naturalidade do nascimento", mas você pode, e deve se movimentar, se alimentar, tomar banho, escolher a posição que você quer parir e acredite: você não precisa de episiotomia.

Seu corpo feminino foi feito para parir! Ele sabe o que faz!

Segundo a Wikipedia, Episiotomia é uma incisão efetuada na região do períneo (área muscular entre a vagina e o ânus) para ampliar o canal de parto. Seu uso se justifica em alguns casos, como necessidade de parto instrumentalizado, sofrimento fetal, acesso para fletir a cabeça do bebê. https://pt.wikipedia.org/wiki/Episiotomia

A Cesarea ou cesariana é uma cirurgia que salva vidas. Ainda bem que a medicina evoluiu e por causa disso milhões de mulheres e bebês foram salvos, mas gente, cirurgia é para quando for necessário!

O alto índice de cesáreas agendadas (normalmente nas vésperas de um feriado prolongado, férias, carnaval, aniversário de casamento-do obstetra) aumentam a necessidade do bebê ficar em UTI neonatal, aumentam o risco de alergias no bebê, prejudicam/ retardam a descida do leite e tornam, na maioria das vezes, o contato entre mãe e bebê tardio.

A Cesariana tem mais riscos de hemorragia pós-parto, infecções e riscos como em qualquer outro procedimento cirurgico e ela deixa uma cicatriz eterna no útero da mulher, ela mexe no aparelho reprodutivo da mulher...

Ela não é nem vilã nem mocinha, ela salva vidas quando realmente necessária, mas coloca mãe e bebê em risco quando eletiva. Ela não é rotineira.